domingo, 28 de agosto de 2016

Aquilo


Quando aquilo apareceu na cidade, teve gente que levou um susto.
Teve gente que caiu na risada.
Teve gente que tremeu de medo.
E gente que achou uma delícia.
E gente arrancando os cabelos.
E gente soltando rojões.
E gente mordendo a língua, perdendo o sono, gritando viva, roendo as unhas, batendo palma, fugindo apavorada e ainda gente ficando muito, muito, muito feliz.
Uns tinham certeza de que aquilo não podia ser de jeito nenhum.
Outros também tinham certeza. Disseram: — Viva! Que bom! Até que enfim!
Muitos ficaram preocupados. Exigiram que aquilo fosse proibido. Garantiram que aquilo era impossível. Que aquilo era errado. Que aquilo podia ser muito perigoso.
Outros, tranqüilos, festejaram, deram risada, comemoraram e, abraçados, saíram pelas ruas, cantando e dançando felizes da vida.
Alguns, inconformados, resolveram perseguir aquilo. Disseram que aquilo não valia nada. Disseram que era preciso acabar logo com aquilo ou, pelo menos, pegar e mandar aquilo para bem longe.
Muitos defenderam e elogiaram aquilo. Juraram que aquilo era bom. Que aquilo ia ser melhor para todos. Que esperavam aquilo faz tempo.
Que aquilo era importante, bonito e precioso.
Alguém decidiu acabar com aquilo de qualquer jeito.
Mas outro alguém disse não! E foi correndo esconder aquilo devagarinho no fundo do coração.
Caro leitor: aquilo pode ser muitas coisas.
Se sentir vontade, pegue um lápis e uma folha de papel e escreva sobre aquilo: diga, em sua opinião e em seu sentimento, o que é aquilo, como é aquilo, o que aquilo faz, de onde aquilo veio, para onde aquilo vai e que sentido, afinal, aquilo tem. Se quiser, desenhe aquilo também.


Conto de Ricardo Azevedo, extraído do livro Se Eu Fosse Aquilo...(publicado pela Editora Ática),ilustrado por Mauro Nakata

segunda-feira, 18 de julho de 2016

JUVENAL, O SAPO QUE NUNCA SE DÁ MAL


Essa é a história de Juvenal, O sapo que nunca se dá mal. Juvenal morava numa lagoa, e sempre ouvia os bichos reclamando dos filhos do fazendeiro que morava do outro lado do morro. Eram três moleques sardentos, mal educados e malvados, que passavam o dia todo atrás de algum bicho pra judiar.
Uma vez pegaram Holandesa a vaca, e a obrigaram a tomar um balde de café. Pra quê?! Pra que ela desse leite com café. Outro dia queriam que Mafalda, a galinha mais querida da fazenda, tomasse água quente para botar ovos cozidos, ora vejam... e as notícias se espalhavam e todos s animais tinha medo desses meninos.
Mas certo dia, estava Juvenal tranquilamente tomando um solzinho perto da lagoa, quando aparecem eles, os meninos malvados, o mais novo logo pega Juvenal e diz:
-Vamos, vamos, vou furar o couro dele!!!!!!
-Furar meu couro, disse Juvenal com ar de riso, você é meio bobinho não é? Por acaso já ouviu falar de alguma tesoura ou mesmo faca que fure couro de sapo? E deu uma longa risada.
O irmão mais novo ficou cabisbaixo e entregou Juvenal ao irmão do meio. Que logo ao pegar Juvenal foi dizendo:
-Hummm, pois então vou te jogar dentro de uma fogueira e quero só vê!!!!
Juvenal deu uma risada e disse: - Fogueira? Por acaso acha que fogo machuca minha pele? Ai, ai, ai! Você também é meio bobinho não é? E voltou a rir sem parar.
Foi quando o irmão mais velho pegou Juvenal pela perna e disse: - Já sei! Vou jogá-lo no meio da lagoa. Juvenal então se desesperou, chorou, pediu, implorou.
-Por favor menino bonzinho!!!!! Não me jogue na lagoa, vou morrer afogado, e eu morro de medo d’água, por favor, por favor me jogue na fogueira, me fure faça qualquer coisa mas água não!!!!!!E chorou desconsoladamente.
Foi aí que o irmão mais velho, segurando Juvenal pela perna, rodou sobre a cabeça e o atirou bem no meio da lagoa...
Juvenal deu um longo mergulho, e apareceu do outro lado indo as gargalhadas...
-Rá, rá, rá, rá, rá, vocês são todos bobinhos, aliás são bobões, por acaso já ouviram falar de sapo com medo d’água?
E Juvenal ria tão alto que todos os bichos vieram saber o que acontecera, então Juvenal contou o que ocorreu e todos os bichos caíram na risada. Os três irmãos ficaram tão envergonhados que se trancaram por uma semana dentro de casa e sempre que saiam os bichos começavam a rir deles, e desde então nunca mais os irmãos judiaram de nenhum animal.
Ah e Juvenal, continua na lagoa, nadando e cantando, e sempre que alguém pergunta da história do medo d’água ele responde:
-Eu sou o Sapo Juvenal! O sapo que nunca se dá mal!!!


(Reconto a partir do conto Sapo com medo d’água )

Anna Celina

quarta-feira, 6 de julho de 2016

POPOTA :A HIPOPÓTAMA BAILARINA Anna Celina



Popota nascera em uma tribo de hipopótamos igual a tantas tribos de hipopótamos, todos com pés largos, quatro dedos escondidos em cascos arredondados e com a cabeça grande...Mas Popota se sentia diferente, é porque ela não gostava de ficar o tempo todo parada dentro d’água, ela queria sair, passear, dançar!!!!!!!
-Dançar!? Como dançar? Você é uma hipopótama, você não pode dançar. disse Dona Garça professora de balé.
Mas Popota insistia em dançar, e todas as “bailarinas” do corpo de baile da Floresta passavam o tempo todo rindo de Popota, que era muito grande e desajeitada, depois de muito insistir, Dona Garça chamou-a e disse:
-Você nunca vai conseguir, você é grande, desajeitada, totalmente fora dos padrões. Procure outra coisa, vá ficar deitada na lagoa.
Naquele dia, Popota voltou pra casa calada e pensativa, muito diferente do que era no dia a dia, a Mãe de Popota ficou preocupada de ver a filha tão calada, tentou descobrir o que acontecerá, mas Popota continuava calada e pensativa.
No dia seguinte, Popota levantou cedinho, cedinho e ao contrário do que todos pensavam, ela não mudou de ideia, foi a casa de Dona Aranha, a melhor figurinista de toda a África e encomendou um Tutu, e um lindo laço tudo Rosa, botou uma música em sua vitrolinha e saiu bailando pela aldeia, os bichos todos acharam aquilo muito esquisito, mas Popota nem ligava, ela queria ser feliz fazendo o que gostava.
Mas a família de Popota, sabe como é né? Começaram a se perguntar se ela estava bem e levaram ela ao Dr.Corujão, o melhor médico da região e depois de muito escutar, examinar e observar ele chamou os pais de Popota e disse: - Deixem a menina, ela não tem problema nenhum, e não tenham dúvida que ela é uma Grande bailarina !!!!
Popota depois dessa “consulta” resolveu não dar ouvidos ao que diziam, principalmente a Dona Garça, professora de balé e saiu pelo mundo em busca de aventuras e lugares onde pudesse mostrar sua dança...

E nessas andanças, bem no alto da curva do Rio ela ouviu uma cantoria, e a mesma música se seguia até que ela encontrou um Sapo Cantor...Mas essa é outra história...