sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Agenda no AGOSTO DE CASCUDO





Dia 18 - CASCUDO :Canta Lá que eu conto cá as 17h.


Dia 19 - Lançamento do meu 1°livro Juvenal,O sapo que nunca se dá mal as 15h







Dias 23,23,28,29 e 30 - Contação de Histórias na casa da Vovozinha,pela manhã e a tarde.


Dia 25 - Histórias de Encantar as 17Hs.

terça-feira, 24 de abril de 2018

NASRUDIN





DESEJOS

Nasrudin reuniu numa festa todos os seus discípulos, Comeram e beberam pela noite fora e, de madrugada, quando se retiravam, restava um prato de doces em cima da mesa. Nasrudin incitou-os a comê-los.
- O mestre está a testar-nos, para ver se conseguimos controlar os nossos desejos – murmuravam entre eles.
- Estão enganados – adiantou Nasrudin - A melhor maneira de dominar um desejo, é vê-lo satisfeito. Prefiro que vocês fiquem com o doce no estômago do que no pensamento, que deve ser usado com coisas mais nobres.

domingo, 28 de agosto de 2016

Aquilo


Quando aquilo apareceu na cidade, teve gente que levou um susto.
Teve gente que caiu na risada.
Teve gente que tremeu de medo.
E gente que achou uma delícia.
E gente arrancando os cabelos.
E gente soltando rojões.
E gente mordendo a língua, perdendo o sono, gritando viva, roendo as unhas, batendo palma, fugindo apavorada e ainda gente ficando muito, muito, muito feliz.
Uns tinham certeza de que aquilo não podia ser de jeito nenhum.
Outros também tinham certeza. Disseram: — Viva! Que bom! Até que enfim!
Muitos ficaram preocupados. Exigiram que aquilo fosse proibido. Garantiram que aquilo era impossível. Que aquilo era errado. Que aquilo podia ser muito perigoso.
Outros, tranqüilos, festejaram, deram risada, comemoraram e, abraçados, saíram pelas ruas, cantando e dançando felizes da vida.
Alguns, inconformados, resolveram perseguir aquilo. Disseram que aquilo não valia nada. Disseram que era preciso acabar logo com aquilo ou, pelo menos, pegar e mandar aquilo para bem longe.
Muitos defenderam e elogiaram aquilo. Juraram que aquilo era bom. Que aquilo ia ser melhor para todos. Que esperavam aquilo faz tempo.
Que aquilo era importante, bonito e precioso.
Alguém decidiu acabar com aquilo de qualquer jeito.
Mas outro alguém disse não! E foi correndo esconder aquilo devagarinho no fundo do coração.
Caro leitor: aquilo pode ser muitas coisas.
Se sentir vontade, pegue um lápis e uma folha de papel e escreva sobre aquilo: diga, em sua opinião e em seu sentimento, o que é aquilo, como é aquilo, o que aquilo faz, de onde aquilo veio, para onde aquilo vai e que sentido, afinal, aquilo tem. Se quiser, desenhe aquilo também.


Conto de Ricardo Azevedo, extraído do livro Se Eu Fosse Aquilo...(publicado pela Editora Ática),ilustrado por Mauro Nakata

segunda-feira, 18 de julho de 2016

JUVENAL, O SAPO QUE NUNCA SE DÁ MAL


Essa é a história de Juvenal, O sapo que nunca se dá mal. Juvenal morava numa lagoa, e sempre ouvia os bichos reclamando dos filhos do fazendeiro que morava do outro lado do morro. Eram três moleques sardentos, mal educados e malvados, que passavam o dia todo atrás de algum bicho pra judiar.
Uma vez pegaram Holandesa a vaca, e a obrigaram a tomar um balde de café. Pra quê?! Pra que ela desse leite com café. Outro dia queriam que Mafalda, a galinha mais querida da fazenda, tomasse água quente para botar ovos cozidos, ora vejam... e as notícias se espalhavam e todos s animais tinha medo desses meninos.
Mas certo dia, estava Juvenal tranquilamente tomando um solzinho perto da lagoa, quando aparecem eles, os meninos malvados, o mais novo logo pega Juvenal e diz:
-Vamos, vamos, vou furar o couro dele!!!!!!
-Furar meu couro, disse Juvenal com ar de riso, você é meio bobinho não é? Por acaso já ouviu falar de alguma tesoura ou mesmo faca que fure couro de sapo? E deu uma longa risada.
O irmão mais novo ficou cabisbaixo e entregou Juvenal ao irmão do meio. Que logo ao pegar Juvenal foi dizendo:
-Hummm, pois então vou te jogar dentro de uma fogueira e quero só vê!!!!
Juvenal deu uma risada e disse: - Fogueira? Por acaso acha que fogo machuca minha pele? Ai, ai, ai! Você também é meio bobinho não é? E voltou a rir sem parar.
Foi quando o irmão mais velho pegou Juvenal pela perna e disse: - Já sei! Vou jogá-lo no meio da lagoa. Juvenal então se desesperou, chorou, pediu, implorou.
-Por favor menino bonzinho!!!!! Não me jogue na lagoa, vou morrer afogado, e eu morro de medo d’água, por favor, por favor me jogue na fogueira, me fure faça qualquer coisa mas água não!!!!!!E chorou desconsoladamente.
Foi aí que o irmão mais velho, segurando Juvenal pela perna, rodou sobre a cabeça e o atirou bem no meio da lagoa...
Juvenal deu um longo mergulho, e apareceu do outro lado indo as gargalhadas...
-Rá, rá, rá, rá, rá, vocês são todos bobinhos, aliás são bobões, por acaso já ouviram falar de sapo com medo d’água?
E Juvenal ria tão alto que todos os bichos vieram saber o que acontecera, então Juvenal contou o que ocorreu e todos os bichos caíram na risada. Os três irmãos ficaram tão envergonhados que se trancaram por uma semana dentro de casa e sempre que saiam os bichos começavam a rir deles, e desde então nunca mais os irmãos judiaram de nenhum animal.
Ah e Juvenal, continua na lagoa, nadando e cantando, e sempre que alguém pergunta da história do medo d’água ele responde:
-Eu sou o Sapo Juvenal! O sapo que nunca se dá mal!!!


(Reconto a partir do conto Sapo com medo d’água )

Anna Celina

quarta-feira, 6 de julho de 2016

POPOTA :A HIPOPÓTAMA BAILARINA Anna Celina



Popota nascera em uma tribo de hipopótamos igual a tantas tribos de hipopótamos, todos com pés largos, quatro dedos escondidos em cascos arredondados e com a cabeça grande...Mas Popota se sentia diferente, é porque ela não gostava de ficar o tempo todo parada dentro d’água, ela queria sair, passear, dançar!!!!!!!
-Dançar!? Como dançar? Você é uma hipopótama, você não pode dançar. disse Dona Garça professora de balé.
Mas Popota insistia em dançar, e todas as “bailarinas” do corpo de baile da Floresta passavam o tempo todo rindo de Popota, que era muito grande e desajeitada, depois de muito insistir, Dona Garça chamou-a e disse:
-Você nunca vai conseguir, você é grande, desajeitada, totalmente fora dos padrões. Procure outra coisa, vá ficar deitada na lagoa.
Naquele dia, Popota voltou pra casa calada e pensativa, muito diferente do que era no dia a dia, a Mãe de Popota ficou preocupada de ver a filha tão calada, tentou descobrir o que acontecerá, mas Popota continuava calada e pensativa.
No dia seguinte, Popota levantou cedinho, cedinho e ao contrário do que todos pensavam, ela não mudou de ideia, foi a casa de Dona Aranha, a melhor figurinista de toda a África e encomendou um Tutu, e um lindo laço tudo Rosa, botou uma música em sua vitrolinha e saiu bailando pela aldeia, os bichos todos acharam aquilo muito esquisito, mas Popota nem ligava, ela queria ser feliz fazendo o que gostava.
Mas a família de Popota, sabe como é né? Começaram a se perguntar se ela estava bem e levaram ela ao Dr.Corujão, o melhor médico da região e depois de muito escutar, examinar e observar ele chamou os pais de Popota e disse: - Deixem a menina, ela não tem problema nenhum, e não tenham dúvida que ela é uma Grande bailarina !!!!
Popota depois dessa “consulta” resolveu não dar ouvidos ao que diziam, principalmente a Dona Garça, professora de balé e saiu pelo mundo em busca de aventuras e lugares onde pudesse mostrar sua dança...

E nessas andanças, bem no alto da curva do Rio ela ouviu uma cantoria, e a mesma música se seguia até que ela encontrou um Sapo Cantor...Mas essa é outra história...

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A menina sem palavra, de Mia Couto



A menina não palavreava. Nenhuma vogal lhe saía, seus lábios se ocupavam só em sons que não somavam dois nem quatro. Era uma língua só dela, um dialecto pessoal e intransmixível? Por muito que se aplicassem, os pais não conseguiam percepção da menina. Quando lembrava as palavras ela esquecia o pensamento. Quando construía o raciocínio perdia o idioma. Não é que fosse muda. Falava em língua que nem há nesta actual humanidade. Havia quem pensasse que ela cantasse. Que se diga, sua voz era bela de encantar. Mesmo sem entender nada as pessoas ficavam presas na entonação. E era tão tocante que havia sempre quem chorasse.
Seu pai muito lhe dedicava afeição e aflição. Uma noite lhe apertou as mãozinhas e implorou, certo que falava sozinho:
— “Fala comigo, filha!”
Os olhos dele deslizaram. A menina beijou a lágrima. Gostoseou aquela água salgada e disse:
— “Mar”…
O pai espantou-se de boca e orelha. Ela falara? Deu um pulo e sacudiu os ombros da filha. “Vês, tu falas, ela fala, ela fala!” Gritava para que se ouvisse. “Disse mar, ela disse mar”, repetia o pai pelos aposentos. Acorreram os familiares e se debruçaram sobre ela. Mas mais nenhum som entendível se anunciou.
O pai não se conformou. Pensou e repensou e elabolou um plano. Levou a filha para onde havia mar e mar depois do mar. Se havia sido a única palavra que ela articulara em toda a sua vida seria, então, no mar que se descortinaria a razão da inabilidade.

A menina chegou àquela azulação e seu peito se definhou. Sentou-se na areia, joelhos interferindo na paisagem. E lágrimas interferindo nos joelhos. O mundo que ela pretendera infinito era, afinal, pequeno? Ali ficou simulando pedra, sem som nem tom. O pai pedia que ela voltasse, era preciso regressarem, o mar subia em ameaça.
— “Venha, minha filha!”
Mas a miúda estava tão imóvel que nem se dizia parada. Parecia a águia que nem sobe nem desce: simplesmente, se perde do chão. Toda a terra entra no olho da águia. E a retina da ave se converte no mais vasto céu. O pai se admirava, feito tonto: por que razão minha filha me faz recordar a águia?
— “Vamos filha! Caso senão as ondas nos vão engolir”.
O pai rodopiava em seu redor, se culpando do estado da menina. Dançou, cantou, pulou. Tudo para a distrair. Depois, decidiu as vias do facto: meteu mãos nas axilas dela e puxou-a. Mas peso tão toneloso jamais se viu. A miúda ganhara raiz, afloração de rocha?
Desistido e cansado, se sentou ao lado dela. Quem sabe cala, quem não sabe fica calado? O mar enchia a noite de silêncios, as ondas pareciam já se enrolar no peito assustado do homem. Foi quando lhe ocorreu: sua filha só podia ser salva por uma história! E logo ali lhe inventou uma, assim:
Era uma vez uma menina que pediu ao pai que fosse apanhar a lua para ela. O pai meteu-se num barco e remou para longe. Quando chegou à dobra do horizonte pôs-se em bicos de sonhos para alcançar as alturas. Segurou o astro com as duas mãos, com mil cuidados. O planeta era leve como um baloa.
Quando ele puxou para arrancar aquele fruto do céu se escutou um rebenta mundo. A lua se cintilhaçou em mil estrelinhações. O mar se encrispou, o barco se afundou, engolido num abismo. A praia se cobriu de prata, flocos de luar cobriram o areal. A menina se pôs a andar ao contrário de todas as direcções, para lá e para além, recolhendo os pedaços lunares. Olhou o horizonte e chamou:
— “Pai!”
Então, se abriu uma fenda funda, a ferida de nascença da própria terra. Dos lábios dessa cicatriz se derramava sangue. A água sangrava? O sangue se aguava? E foi assim. Essa foi uma vez.
Chegado a este ponto, o pai perdeu voz e se calou. A história tinha perdido fio e meada dentro da sua cabeça. Ou seria o frio da água já cobrindo os pés dele, as pernas de sua filha? E ele, em desespero:
— “Agora, é que nunca”.
A menina, nesse repente, se ergueu e avançou por dentro das ondas. O pai a seguiu, temedroso. Viu a filha apontar o mar. Então ele vislumbrou, em toda extensão do oceano, uma fenda profunda. O pai se espantou com aquela inesperada fractura, espelho fantástico da história que ele acabara de inventar. Um medo fundo lhe estranhou as entranhas. Seria naquele abismo que eles ambos se escoariam?
— “Filha, venha para trás. Se atrase, filha, por favor”…
Ao invés de recuar a menina se adentrou mais no mar. Depois, parou e passou a mão pela água. A ferida líquida se fechou, instantânea. E o mar se refez, um. A menina voltou atrás, pegou na mão do pai e 0 conduziu de rumo a casa. No cimo, a lua se recompunha.
— “Viu, pai? Eu acabei a sua história!”
E os dois, iluaminados, se extinguiram no quarto de onde nunca haviam saído.


terça-feira, 14 de abril de 2015


OS TRÊS AMIGOS (Anna Celina Outubro de 2014)

Era uma vez três amigos, diferentes em todos os aspectos. Popota, uma hipopótama que sonhava ser bailarina, Simão, o gorila que queria ser trapezista e Juvenal o sapo que gostava de cantar.
Eles eram os melhores amigos que podiam ser, e embora as diferenças entre eles fossem gritantes eles adoravam estar juntos. Popota e Juvenal amavam brincar na água, Simão não preferia ficar de fora deitado na grama só observando os amigos brincando. Mas o que ele mais gostava era de comer bananas, e outras frutas e junto com Popota fazia uma grande algazarra, subia nas árvores jogava as frutas para Popota que juntava todas e depois a sombra de uma mangueira se deliciavam enquanto Juvenal cantava uma canção. Juvenal por sua vez gostava de brincar de pula-pula com Simão ,Popota olhava e aplaudia as cambalhotas que ele dava, para segurança de todos era melhor ela ficar de juíza .E no fim do dia eles voltavam pra casa exaustos mas muito felizes.
Os dias passavam e a amizade dos três só crescia nada os afastava e ninguém entendia como eles tão diferente podiam se dar tão bem. Resolveram então segui-los para descobrir o segredo... Depois de alguns dias desistiram, pois não descobriram nada de diferente, apenas três amigos que gostavam de se divertir. E os três continuavam , brincando, lendo, contando histórias...
E de tanto ouvirem e verem os outros cochichando e apontando pra eles sempre que passavam, resolveram que fariam uma festa ,sim uma festa para comemorar a amizade. Distribuíram os convites, montaram uma mesa com muita fruta, sucos e doces bem na clareira próximo da lagoa. No meio da festa Popota fez uma apresentação de dança ,enquanto Juvenal cantava e Simão se equilibrava num arame. Todos aplaudiram e o show foi um sucesso, todos estavam se divertindo muito e Juvenal resolveu falar um pouco:
-No início de nossa amizade foi um pouco complicado, como dá pra ver somos muito diferentes, e nossas diferenças poderiam atrapalhar nossa amizade, Popota é muito grandona e desastrada, Simão tem muita energia e é trapalhão...
-E Juvenal é muito normal, disse Popota  arrancando risos de todos.
-É isso mesmo, mas nós nos amamos e nos respeitamos e isso é essencial na nossa amizade. Disse Juvenal ainda rindo.
-Nós respeitamos as nossas diferenças, por isso nos damos bem, disse Simão que foi abraçado por Popota...
-Como sou a maior, sempre vou na frente nas expedições que fazemos na mata. Disse Popota toda risonha.
-Eu, consigo subir nos galhos mais altos das árvores e pegar os frutos mais escondidos. Disse Simão estufando o peito.
-E eu, sou o primeiro a pular nos rios e lagoas, assim sei até onde podemos ir sem que meus amigos corram nenhum risco. Disse Juvenal ajeitando a gravata borboleta.
-E assim vamos vivendo, continuou Juvenal, respeitando os limites e convivendo com as diferenças de cada um.
Foram Muito aplaudidos...
Naquele dia todos voltaram para a aldeia pensando, como três amigos tão diferentes podiam dar uma lição de convivência e de respeito tão bonita.

Os três continuaram se divertindo, e já não pareciam tão estranhos para a aldeia, ao contrário tinha sempre novos amigos se unindo a brincadeira...